NEGRA
Para Gizelda
Sou mulher
Sou Negra.
Escura como a noite.
Escura como o Nilo, jorrando ondas de negralma.
Fui escrava.
Como mucama limpei o caminho dos meus senhores.
Fui corpo, sangue, orifício para o prazer do outro.
Fui operária, doméstica, lavadeira...
Negrimaculei a alvazia sociedade.
Costurei o rasgo da invisibilidade.
Subi o morro:
Favela de São Jorge.
Lá no alto, fui pássaro... Cantei.
Da África para o mundo
Mostrei minha voz humilhada,
porém, no ritmo do tambor,
forte.
Fui vítima
da minha cor, do meu sexo.
Muitas portas fechadas.
Fui guerreira e acordei
No meio da noite... tiroteios
São Jorge havia liberado o dragão.
Cuspes de fogo tentaram queimar meus sonhos.
Resisti...
Sou mulher
Sou Negra
Sou pobre
Sou história.
Escura como a noite.
Escura como o Nilo, jorrando ondas de
negralma.
Serafina Machado
(in Cadernos Negros 29)
quinta-feira, 29 de julho de 2010
25 de Julho Dia da Mulher Negra Afro-latino-americana e caribenha
No último domingo, 25 de julho celebrou-se o Dia da Mulher Afro-latino- americana e Caribenha. O poema a seguir fala um pouco da trajetória dessas mulheres sempre presentes na caminhada para a superação das dificuldades.
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