Quem somos

A história da luta feminista é a história da auto-organização das mulheres. É quando as mulheres se organizam politicamente como o sujeito coletivo que são para enfrentar a opressão e a desigualdade.

No movimento misto, não é fácil construir essa auto-organização das mulheres. Por mais que entidades do movimento sindical, social, popular encaminhem lutas identificadas com a esquerda socialista, por libertação, por justiça, não é automático que as relações entre homens e mulheres deixem de reproduzir o que vemos no conjunto da sociedade. As mulheres precisam se organizar e lutar por isso, dentro e fora do seu movimento.

O Movimento Estudantil (ME), por sua vez, dialoga, majoritariamente, com a juventude. Entre jovens homens e jovens mulheres há as mesmas contradições. Na Universidade e no movimento há essas mesmas contradições. Nas entidades estudantis, começando nos CAs e DAs e chegando à UNE, a divisão sexual do trabalho se reproduz. Como nós podemos alterar essas relações, que são sim de poder? Como podemos fazer a Universidade entender que ela não pode fechar os olhos à desigualdade entre homens e mulheres? Como podemos construir um olhar feminista sobre a Universidade, que construa um recorte de gênero para as discussões de curriculum, para as estruturas de poder, para as expressões de violência sexista que acontecem dentro dos campi universitários? Como podemos fazer com que o ME incorpore essas bandeiras? Aliás, como podemos fazer para que o ME supere o machismo e a opressão que existem no seu interior?!!

A União Nacional dos Estudantes tenta responder essas questões mais organizadamente desde 2003, quando a Diretoria de Mulheres da UNE deixou de ser apenas mais uma pasta e passou a ser um espaço de auto-organização das mulheres do ME, que discute, propõe e encaminha políticas de combate à desigualdade. Isso, por si só, a conquista verdadeira dessa Diretoria de Mulheres, já é uma grande vitória.

A partir dela, vieram dois encontros nacionais de mulheres estudantes, veio o diálogo mais permanente com mulheres do ME, vieram os coletivos de mulheres nas universidades, as plenárias de mulheres em encontros nacionais e do movimento de área, e vem muito mais, certamente. A demanda e o reconhecimento são tantos que hoje, além da Diretoria de Mulheres da UNE, há uma 1ª Diretoria de Mulheres. Há uma presença cada vez maior do feminismo nas entidades do ME. Há cada vez mais legitimidade. Há uma política cada vez mais bem desenhada e respaldada. E há um enorme espaço a ser ocupado. Porque enquanto o machismo existir, nós estaremos organizadas – também na UNE – para enfrentá-lo e continuar escrevendo a história da nossa luta.


Alessandra Terribili
Diretora de Mulheres da UNE –  Gestão 2003/ 2005