segunda-feira, 26 de abril de 2010

Moção de Mulheres - 58º CONEG

Em 2010, teremos uma disputa eleitoral fundamental para os rumos de nosso país. A União Nacional dos Estudantes convocou o Conselho de Entidades Gerais para construir o projeto dos estudantes e das estudantes para o Brasil. A construção de um Brasil justo e soberano passa pela eliminação da desigualdade e de todos os tipos de opressão.

Nesse sentido a construção de políticas emancipadoras para as mulheres é fundamental para a construção de um país que caminhe para a igualdade, inclusive, para a inclusão de mais mulheres nas instâncias de decisão do Brasil.

Faz 100 anos que o “8 de março” é o dia de luta das mulheres a partir de uma opção política das mulheres socialistas, em Congresso, unificando um dia de luta. Acumulamos conquistas, mas afirmamos que as desigualdades permanecem. As mulheres recebem “72%” dos salários dos homens, em média.

Nesse mesmo sentido, os casos de abortos clandestinos – e mortes relacionadas aos mesmos – permanecem subindo, principalmente entre as mulheres negras; as mulheres continuam responsáveis solitárias pelo trabalho “doméstico”. A violência contra a mulher ainda existe e é praticada por membros de sua própria família. As mulheres permanecem excluídas dos espaços de decisão e poder da sociedade. Nas universidades somos minoria na direção dos colegiados, o que se repete nos partidos, nos movimentos sociais, nos sindicatos e mesmo nas entidades estudantis.

As mulheres jovens são maioria no emprego precarizado, postos temporários, setor de telemarketing, profissões relacionadas à estética, setor terciário. Assumem cada vez mais novas o trabalho doméstico. A gravidez precoce permanece uma questão nas suas vidas.

Em razão desse contexto, vivem em constante insegurança. Sofrem duplas ou triplas jornadas de trabalho e tem seus corpos tratados ora como mercadoria pelos meios de comunicação ora como espaço de incansável reparação pela indústria farmacêutica e cosmética. Suas vidas são marcadas por uma permanente insatisfação e ansiedade, diante dessas exigências inalcançáveis. Mesmo com escassas estatísticas, é sabido que a cada dia “novas” doenças surgem, diretamente relacionadas às mulheres. A bulimia, anorexia e transtornos de ansiedade são bons exemplos.

Abriram-se novas perspectivas, desde 2002, com o governo Lula. Nesses 100 anos, reafirmamos que o desafio para a construção da igualdade permanece político.
São necessárias políticas que garantam a autonomia financeira das mulheres, a autonomia sobre seus corpos, a construção de creches, de restaurantes e lavanderias comunitárias. Portanto, para termos mais mulheres influenciando os espaços de decisão, precisamos criar condições para a participação através de mais políticas para as mulheres, políticas geradoras de igualdade. Nesse sentido, as cotas para mulheres são um instrumento importante e devem ser reforçadas em todas as instâncias políticas.
Defendemos uma agenda que caminhe progressivamente pela postergação da entrada das mulheres jovens ao mercado de trabalho, e sim, com mais acesso à educação, à cultura e saúde. Para tanto, alguns passos são fundamentais: uma efetiva política de assistência estudantil; creches; meia entrada para toda a juventude; legalização do aborto, democratização dos meios de comunicação, fortalecimento do SUS. Tudo isso combinado com uma política efetiva de inclusão das mulheres em todos os espaços de decisão política.

Conselho Nacional de Entidades Gerais da UNE, Rio de Janeiro, 25 de Abril de 2010.

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