quarta-feira, 8 de julho de 2009

Nossos desafios...

O III Encontro de Mulheres Estudantes da UNE (EME) representou a consolidação do debate feminista dentro do movimento estudantil.

A auto-organização possibilita espaços de solidariedade e unidade na apresentação de políticas para as mulheres, além de formação e sustentação da construção política feminista.
O III EME ocorreu na cidade de Belo Horizonte entre os dias 1 e e de maio. A grande mobilização, a participação dos diversos campos do movimento estudantil e a resolução aprovada consensualmente consolidam o espaço de auto-organização das mulheres da UNE, o EME, como o fórum privilegiado para formular e organizar a luta das mulheres estudantes no nosso país.

Um breve histórico...

O I EME de São Paulo em 2005 representou uma rearticulação das estudantes nas universidades e na UNE. O encaminhamentos principal foi a construção de coletivos de mulheres nas universidades.


No RJ em 2007, o II Encontro contou com a presença de cerca de 400 jovens de todo o país. As estudantes encaminharam como prioridade de atuação da entidade no próximo período, a Campanha pela Legalização do Aborto, pauta essencial na luta das mulheres pela autonomia de suas vidas e corpos. Essa campanha fortaleceu a luta do movimento feminista e da organização das mulheres dentro do movimento estudantil.


O III ...

O III EME apresentou como síntese política a necessidade de aprofundarmos nosso olhar e luta dentro da universidade brasileira. Essa conclusão evidencia que a superação do machismo está ligada à transformação da universidade. Os dois eixos prioritários, nesse sentido são: a produção do conhecimento e a assistência estudantil. Homens e mulheres apresentam trajetórias sociais distintas, esse entendimento é fundamental para a formulação de políticas de assistência estudantil e para modificar a lógica da produção de conhecimento atual que legitima a opressão das mulheres. Nesse sentido, aprovamos a carta “ As mulheres transformando a Universidade” que tem o objetivo de ser uma campanha nas universidades.

A Campanha pela Legalização do Aborto segue central para a entidade. Nesse sentido, atuaremos na Frente Nacional Contra a Criminalização das Mulheres e Pela Legalização do Aborto. Entendendo a ofensiva conservadora no Congresso, apresentamos uma Moção de Repúdio a proposta CPI do Aborto que tem como propósito investigar o Aborto clandestino no Brasil, assim como clínicas clandestinas, a venda ilegal de remédios abortivos e lógico, criminalizar as mulheres pela prática do aborto.
Aprovamos também um documento que repudia e regulamenta o que deve ser feito diante de casos de violência contra a mulheres no movimento estudantil. Esse documento será encaminhado para a diretoria da UNE como síntese das estudantes participantes do III EME, e também será apresentado como proposta de resolução a ser aprovada no CONUNE.

A construção e funcionamento do EME estão acertados, em sintonia com nossos desafios de construir novas práticas e valores dentro do movimento estudantil. Os Encontros de Mulheres Estudantes da UNE garantem um espaço necessário para que as mulheres socializem experiências e formulações, identificando-se enquanto sujeita-coletiva. A partir de espaços que privilegiam o diálogo, nossa construção segue a prática de horizontalidade e construção coletiva.

Colocar o encontro próximo ao CONUNE instrumentaliza as estudantes para encaminharmos nossas pautas políticas no principal espaço de debates e encaminhamentos da UNE. Além disso, impulsiona as jovens a construírem uma nova campanha para a próxima gestão, conseguindo assim realizar um período de transição das pautas da Diretoria de Mulheres da UNE.

A nossa organização deve se estruturar em dois sentidos: construindo a plataforma política feminista do III EME para a transformação da universidade brasileira; enfrentando o machismo dentro do movimento estudantil.

Reafirmamos, nesse sentido, a necessidade de consolidar os coletivos de mulheres estudantes nas universidades como células atuantes do feminismo no interior das universidades. São esses espaços que organizam nossa agenda política e garantem a articulação com os demais movimentos de mulheres na sociedade.

Sabemos o quanto o machismo se reproduz no espaços da política, mesmo no interior do movimento estudantil. A política ainda é vista como espaço “masculino”, para “fortes e ativos”. Além disso, ainda no ME as mulheres que estão na direção de entidades estudantis não são reconhecidas e respeitadas como sujeitas-políticas. Nesse sentido afirmamos que a nova cultura política é possível com práticas que não reproduzam a opressão, mas que caminhem para uma prática solidária.

As mulheres estudantes iniciarão a próxima gestão da UNE com grandes desafios.
Os primeiros serão as Conferências Nacionais de Educação e Comunicação. O processo de mobilização das etapas municipais e estaduais, além da intervenção nacional, será fundamental para acumularmos avanços na luta das mulheres. Para tanto, a carta aprovada no III EME será nosso instrumento, precisamos transformá-la em ação.

No ano de 2010 teremos a tarefa de derrotar definitivamente o neoliberalismo no Brasil e propor um programa para o país que caminhe na perspectiva da revolução democrática no Brasil. Essa plataforma deve incorporar a democracia participativa e a desmercantilização das relações sociais como pilares estruturantes. Avançar na luta das mulheres passa por construir essa agenda junto aos movimentos sociais. A opressão das mulheres é estruturante do sistema capitalista. “A luta das mulheres é uma luta de transformação integral da sociedade e se entende por isso que não se mudará a vida das mulheres enquanto não mudar a vida de todas. A proposta é, portanto, para superar a sociedade capitalista e machista e por construir uma sociedade socialista que rompa com todas as formas de exploração, opressão e discriminação” Nalu Faria

Entendemos que a auto-organização das mulheres é nosso instrumento para enfrentar o machismo e construírmos uma sociedade livre das amarras da opressão.

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