GD de Mulheres no 60º CONEG da UNE |
Cada
vez mais a União Nacional das e dos Estudantes aprofunda sua ação na
luta pelo fim do machismo e assume uma identidade cada vez mais
feminista colocando as pautas das mulheres como centro da política.
Impossível negar o papel que a Diretoria de Mulheres da entidade cumpre
nesse sentido. Com uma perspectiva feminista continuada, a UNE é hoje
uma das organizações de juventude que mais pauta e ocupa espaços
importantes para a garantia da autonomia das mulheres e combate ao
sexismo.
Acreditamos
que só é possível superar o machismo e o patriarcado se disputarmos a
sociedade numa perspectiva que acabe com a divisão sexual do trabalho e
garanta a autonomia da vida e do corpo das mulheres. Tendo como lema
“Somos Todas FEMINISTAS”, apontamos qual o projeto de sociedade que
queremos. O fortalecimento da criação de coletivos feministas nas
universidades, mobilização intensa nas redes sociais e nas ruas,
garantia de mesas de debates feministas nos eventos da UNE, combate aos
trotes e calouradas machistas, assim como uma avaliação mais criteriosa
das atrações artísticas nos eventos e encontros da UNE – combatendo a
expressão simbólica do machismo e da violência contra as mulheres; nos
posiciona para a disputa da sociedade ao lado de outras organizações
mistas e feministas que pautam um mundo livre de violência que rompa com
a divisão sexual do trabalho e o modelo de produção do viver
patriarcal, racista e sexista que temos em nossa sociedade.
Em
2013, o Encontro de Mulheres Estudantes da UNE, espaço de
auto-organização das mulheres estudantes, completará 10 anos e se
consolida como uma das agendas feministas mais importantes para a
juventude. Debateremos com o conjunto das estudantes o projeto de nação
que queremos e as contribuições da luta feminista para a superação das
desigualdades e construção de um país justo e soberano.
Atravessamos
um processo de intensa mobilização e lutas estudantis no seio das
universidades brasileiras. Há quase um mês, professores, servidores e
estudantes, estão realizando diversas assembleias e atos convergindo
para mais investimento e melhores condições de ensino. A pauta
estudantil traz cada vez mais questões relacionadas à Assistência
Estudantil e um novo paradigma de universidade. Hoje a greve da educação
está alicerçada no maior empoderamento de novos atores sociais e
demandas há muito negligenciadas, e o contingenciamento das verbas da
saúde e educação realizados pelo governo Dilma atingem principalmente as
mulheres, no que tange as políticas de assistência estudantil. Hoje, as
mulheres são 55,1% das estudantes na universidade e precisamos garantir
que este espaço seja de
todas e todos, dando condições materiais para a superação e reparação
das ações nefastas do patriarcado. Assegurando políticas públicas que
garantam sua permanência na universidade, dando centralidade a luta das
creches universitárias como parte do Plano Nacional de Assistência
Estudantil.
A
conformação atual da universidade brasileira põe novos desafios tanto
para as instituições ao repensarem seus currículos e tornarem-se espaços
livres do sexismo e garantir condições materiais de permanência e
assistência estudantil para as mulheres estudantes, a exemplo de maior
número de vagas em centros de educação infantil, licença maternidade de
180 dias, residências universitárias que atendam as mães-estudantes,
ouvidoria para acolhimento e investigação de denúncias de violência
sofrida pelas estudantes, que as mulheres estudantes não sejam
convidadas a se retirar das residências por conta de gravidez, etc.
O
Movimento Estudantil também precisa repensar suas práticas e tornar-se
um espaço verdadeiramente das mulheres. Precisamos inverter a lógica da
sub-representação das mulheres nas entidades gerais e espaços de
representação política. O envolvimento cada vez maior de mulheres no ME
traz consigo uma mudança significativa do que é prioritário e que pautas
estão na ordem do dia. Essa mudança deve vir acompanhada de políticas
que incluam cada vez mais mulheres nos espaços de poder e decisão, de
uma nova cultura política no ME que combata a divisão sexual das tarefas
e das diversas formas de violência sexista que acometem as mulheres
cotidianamente.
Rio de Janeiro, 17 de junho de 2012
Nenhum comentário:
Postar um comentário