segunda-feira, 25 de junho de 2012

#somostodasFEMINISTAS - Resolução de Mulheres do 60º CONEG da UNE

GD de Mulheres no 60º CONEG da UNE
Cada vez mais a União Nacional das e dos Estudantes aprofunda sua ação na luta pelo fim do machismo e assume uma identidade cada vez mais feminista colocando as pautas das mulheres como centro da política. Impossível negar o papel que a Diretoria de Mulheres da entidade cumpre nesse sentido. Com uma perspectiva feminista continuada, a UNE é hoje uma das organizações de juventude que mais pauta e ocupa espaços importantes para a garantia da autonomia das mulheres e combate ao sexismo. 

Acreditamos que só é possível superar o machismo e o patriarcado se disputarmos a sociedade numa perspectiva que acabe com a divisão sexual do trabalho e garanta a autonomia da vida e do corpo das mulheres. Tendo como lema “Somos Todas FEMINISTAS”, apontamos qual o projeto de sociedade que queremos. O fortalecimento da criação de coletivos feministas nas universidades, mobilização intensa nas redes sociais e nas ruas, garantia de mesas de debates feministas nos eventos da UNE, combate aos trotes e calouradas machistas, assim como uma avaliação mais criteriosa das atrações artísticas nos eventos e encontros da UNE – combatendo a expressão simbólica do machismo e da violência contra as mulheres; nos posiciona para a disputa da sociedade ao lado de outras organizações mistas e feministas que pautam um mundo livre de violência que rompa com a divisão sexual do trabalho e o modelo de produção do viver patriarcal, racista e sexista que temos em nossa sociedade.


Em 2013, o Encontro de Mulheres Estudantes da UNE, espaço de auto-organização das mulheres estudantes, completará 10 anos e se consolida como uma das agendas feministas mais importantes para a juventude. Debateremos com o conjunto das estudantes o projeto de nação que queremos e as contribuições da luta feminista para a superação das desigualdades e construção de um país justo e soberano.

Atravessamos um processo de intensa mobilização e lutas estudantis no seio das universidades brasileiras. Há quase um mês, professores, servidores e estudantes, estão realizando diversas assembleias e atos convergindo para mais investimento e melhores condições de ensino. A pauta estudantil traz cada vez mais questões relacionadas à Assistência Estudantil e um novo paradigma de universidade. Hoje a greve da educação está alicerçada no maior empoderamento de novos atores sociais e demandas há muito negligenciadas, e o  contingenciamento das verbas da saúde e educação realizados pelo governo Dilma atingem principalmente as mulheres, no que tange as políticas de assistência estudantil. Hoje, as mulheres são 55,1% das estudantes na universidade e precisamos garantir que este espaço seja de todas e todos, dando condições materiais para a superação e reparação das ações nefastas do patriarcado. Assegurando políticas públicas que garantam sua permanência na universidade, dando centralidade a luta das creches universitárias como parte do Plano Nacional de Assistência Estudantil.

A conformação atual da universidade brasileira põe novos desafios tanto para as instituições ao repensarem seus currículos e tornarem-se espaços livres do sexismo e garantir condições materiais de permanência e assistência estudantil para as mulheres estudantes, a exemplo de maior número de vagas em centros de educação infantil, licença maternidade de 180 dias, residências universitárias que atendam as mães-estudantes, ouvidoria para acolhimento e investigação de denúncias de violência sofrida pelas estudantes, que as mulheres estudantes não sejam convidadas a se retirar das residências por conta de gravidez, etc. 

O Movimento Estudantil também precisa repensar suas práticas e tornar-se um espaço verdadeiramente das mulheres. Precisamos inverter a lógica da sub-representação das mulheres nas entidades gerais e espaços de representação política. O envolvimento cada vez maior de mulheres no ME traz consigo uma mudança significativa do que é prioritário e que pautas estão na ordem do dia. Essa mudança deve vir acompanhada de políticas que incluam cada vez mais mulheres nos espaços de poder e decisão, de uma nova cultura política no ME que combata a divisão sexual das tarefas e das diversas formas de violência sexista que acometem as mulheres cotidianamente.

Rio de Janeiro, 17 de junho de 2012

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