terça-feira, 12 de junho de 2012

I Encontro de Mulheres Estudantes do Paraná. Por Uma Nova Cultura Politica, Sem Machismo!


Nos dias 2 e 3 de junho ocorreu o primeiro encontro e mulheres estudantes da UPE e da UPES. O encontro reuniu cerca de 70 pessoas para debater e pensar a universidade e a escola a partir da perspectiva das mulheres. Foi vitória para o movimento estudantil no Paraná ter viabilizado esse encontro, visto que pessoas de 9 diferentes cidades estiveram presentes: Antonina, Matinhos, Paranaguá, Realeza, Apucarana, Londrina, Pinhais, Fazenda Rio Grande e Curitiba. O debate feminista é fomentado no estado respaldado pelas entidades estudantis!
Muitas estudantes tiveram maior contato com o debate feminista pela primeira vez, e de maneira plural as mesas e GT's foram compostos por mulheres que levam a pauta feminsta aos movimentos sociais, no legislativo e nas escolas e universidades. Tivemos mesas sobre a conjuntura da política para a mulher, concepção de feminismo, direitos sexuais e reprodutivos e sobre a luta por uma educação não-sexista.
Nas falas das estudantes vimos a ânsia por uma outra estrutura de escola e de universidade, em que não mais reproduza o machismo, a homofobia, o racismo, que venham a ser espaços que rompam com a inércia da discriminação e da limitação do acesso à educação. Queremos acesso e permanência! Muitas mulheres estudantes não permanecem na universidade por falta de assistência estudantil que garanta moradia, o cuidado de seus filhos e filhas, respaldo da universidade para sua participação, ainda que sendo mãe, a grupos de pesquisa e extensão, ou ter a quem recorrer em casos de assédio. Todas essas questões foram colocadas no encontro, e vistas como impedimento para muitas mulheres prosseguirem em seus estudos e pensar em entrar numa universidade.
O debate sobre mulheres permeou muito também a questão de sexualidade. Que é ser jovem estudante numa sociedade que tende a ser não só machista, mas também homofóbica. Entre nós mesmos temos muito que transformar, no próprio encontro tivemos situação de homofobia, mas que nas escolas e universidades disputemos uma nova estrutura de ensino e gestão que venha de encontro com a construção de uma nova sociedade em que não haja discriminação mas sim igualdade com voz e vez a todos.
Na tarde de sábado o grande grupo se dividiu em GT's sendo dois auto-organizados – com apenas meninas, e outros dois mistos de tema Gênero e Sexualidade, e Formação Política Feminista. Com todas as dificuldades que tivemos devido a participação de meninos no encontro, vimos o quão importante é debater a política feminista com todos. Houve declaração de meninos defendendo  feminismo como pauta do movimento estudantil. No entanto, ficou visível no encontro que precisamos de espaços auto-organizados onde mulheres possam partilhar do que sentimos quanto a opressão machista que vivemos diariamente,  a qual é sutil demais para todo aquele que vir a tentar nos entender. Só nos sabemos o que passamos.
A partir do princípio freireano de que o oprimido é que liberta o opressor, precisamos que os Encontros de Mulheres Estudantes venham a ter apenas presença de mulheres para nos fortalecermos e nos libertarmos em comunhão. Que a partir do EME a UPE e a UPES sejam pautadas e proponham encontros sobre a Política Feminista, que liberta, e une mulheres e homens na luta por uma sociedade que supere o machismo vigente, e por universidades e escolas que garantam a permanência de mulheres, mães, conjuges
E ainda, saimos do encontro encorajados à luta por uma sociedade justa, que considere a diferença como parte das relações sociais a ser valorizada, e como parte do debate por políticas públicas que propiciem a AMPLIAÇÃO do acesso à educação e da PERMANÊNCIA.




*Lays  Gonçalves é acadêmica de Ciência Sociais na UFPR e militante do Movimento Kizomba-PR

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