quinta-feira, 12 de abril de 2012

CARTA FEMINISTA ABERTA PARA A COMUNIDADE DA UFMG



Mais um semestre se inicia na UFMG e as manifestações de machismo,

racismo, homofobia e lesbofobia novamente estruturam a entrada dos e das novos/as estudantes. Como o ocorrido na manhã do dia 22 de março. Alunos do curso de turismo, no prédio do Instituto de Geociências (IGC), amarraram duas calouras em um poste. Os veteranos, vestidos de policiais militares, obrigaram as estudantes a chupar cassetetes envoltos por camisinha.
                  

Se para alguns isso parece não passar de uma brincadeira, para nós é mais uma forma de violência contra as mulheres. Trotes como esse são um instrumento de opressão, visam informar às estudantes que a sua entrada no espaço da universidade deve ser feita de maneira subordinada. Ao encarnar policiais militares, os estudantes encenam uma situação em que os mesmos têm poder sobre o corpo e vida das jovens e, assim, podem amarrá-las e forçá-las a qualquer forma de humilhação.



Trotes como esse parecem ser cotidianos nas universidades. As mulheres, não coincidentemente, são os principais alvos dessas práticas. A partir de várias formas, os mesmos buscam criar situações de submissão e categorização das mulheres. Se essas não topam participar da brincadeira são banidas do círculo social do curso. Se participam são categorizadas como santas ou devassas, “putas” ou recatadas, reproduzindo o controle da liberdade e auto-determinação das mulheres.



Reconhecer que o machismo existe e estrutura a vida das mulheres na sociedade e, portanto, também no interior da universidade é o primeiro passo para combater essas práticas. A entrada das mulheres na universidade não deve ser marcada pela violência, humilhação e
subordinação.  Várias formas “alternativas” de recepção de calouros também já foram postas em prática, criando formas de interação entre calouros/as e veteranos/as que valorizam a experiência pessoal de cada um e não condicionam os primeiros às formas de subordinação.



Viver a universidade livre de violência é um direito das mulheres! É dever de todos e todas fazer com que a universidade seja um espaço de formulação e análise crítica, tornando-a um instrumento de combate às opressões e não mais uma expressão das desigualdades. Fora machismo racismo, homofobia e lesbofobia!!




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