quinta-feira, 15 de março de 2012

Nota de repúdio à violência praticada contra a companheira da “Marcha das Vadias – Pelotas”


O Coletivo Nacional Levante! vem a público manifestar absoluto repúdio à violência de
caráter verbal e opressão de gênero infligida à uma de nossas companheiras e liderança política no cenário municipal ocorrida no ultimo sábado, dia 3 de Março, na cidade de Pelotas, Rio Grande do Sul.
A companheira em questão atualmente faz parte da organização da “Marcha das Vadias– Pelotas”, a primeira a ser organizada no estado e motivadora das demais marchas aocorrerem no país dia 10 de Março. Utilizando-se deste fato, um estudante, que tambémfaz parte do movimento estudantil pelotense, gratuitamente abordou-a de madrugada em um dos pontos mais movimentados da cidade com o grito “VADIA!”.
Como lutadora feminista, ela não poderia deixar tal agressão ocorrer sem reagir. Ao voltar
e questionar a atitude do estudante foi humilhada de forma política e pessoal, tendo
atribuídos à sua pessoa adjetivos como “vadia” e “vagabunda”, leves agressões, perto do
que foi dito sobre sua vida pessoal. Esta julgada, condenada e exposta diante de dezenas
de pessoas. Nossa companheira argumentou até o fim diante da humilhação, porém não
havia mais discussão política, apenas a agressão, o que a fez se retirar em meio a gritos
de “Vai embora dessa cidade, chora vadia!” proferidos pelo agressor que a seguia pela rua
enquanto gritava. Mesmo depois, ele seguiu enviando torpedos com ofensas do mesmo
tipo durante a noite, torturando-a psicologicamente. A companheira irá tomar as medidas
legais, mas só isso não é suficiente.

A opressão é cotidiana e, diante disso, o coletivo nacional Levante! sente-se na obrigação
de manifestar-se a respeito. Esses acontecimentos são a prova de que a opressão contra
a mulher em todas as camadas é recorrente e estamos longe ainda de conquistar a
igualdade.

A militante que luta por suas ideologias e é livre dos “padrões” da sociedade está exposta
diariamente ao preconceito e julgamento, tendo carregado nas costas o peso de cada
piada e comentário, cada agressão psicológica ou física, cada tipo diferente de opressão
que for possível na sociedade atual. Sociedade esta que ainda justifica as agressões
pela exposição da mulher feminista. Somos livres e, por isso, julgadas e penalizadas
diariamente por nossas ações. Sofremos sem chance de defesa, e isso não pode continuar.

A cada dia mulheres são humilhadas, espancadas em suas próprias casas, alvos de
piadas “leves” e pesadas, subjugadas e tratadas como seres inferiores passíveis do
julgamento de pessoas como esse estudante e outros que o cercam. Não, nós não estamos
aqui para sermos julgadas e continuaremos lutando.

A organização da “Marcha das Vadias” é um ato de libertação desse padrão cruel a que
estamos expostas, e continuaremos lutando por esta libertação das mais diferentes
formas, independente de quem pensa ser capaz de julgar ou humilhar qualquer mulher.

Ao contrário do que nossos opressores pensam e almejam, teremos mais força para lutar.
Nós, mulheres do Levante!, esperamos que esse agressor seja punido pelos meios
legais, mesmo sabendo que a justiça no nosso país ainda é falha e não tem o cuidado
necessário para lidar com tais casos, tampouco a preparação necessária na maioria das
delegacias para lidar com os mesmos. E é exatamente por isso que manifestamos nosso
descontentamento e pedimos às companheiras para que esse fato e todos os demais casos
do tipo que cada mulher sofre no país e no mundo, sirvam para impulsionar e motivar
ainda mais a luta das mulheres.

Não seremos subjugadas de graça, lutaremos! Levantemos contra a opressão à mulher,
levantemos contra o machismo em todas as suas formas, levantemos por liberdade!

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