O Dia 8 de
Março, Dia Internacional das Mulheres, foi marcado em Minas Gerais por grandes
atividades. Essa data, apesar de dedicada há um século pelos movimentos e
partidos de esquerda à afirmação de que é preciso mudar a vida das mulheres
para transformar o mundo, tem sido compreendida e utilizada como um dia de
homenagens. Resistindo, portanto, à concepção hegemônica que mercantiliza e
romantiza a data, a
Marcha Mundial das Mulheres e a Via Campesina ocuparam na manhã desse mesmo dia
o INCRA – Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária - como forma de
reivindicação da luta das trabalhadoras rurais em torno de pautas como crédito
rural, contra o fechamento das escolas do campo e pela reforma agrária. Na
parte da tarde, as mulheres partiram em marcha até a Praça da Estação, ponto de
encontro para o inicio das manifestações.
Lá, somaram-se mulheres estudantes, sindicais, trabalhadoras do campo e da cidade e
diversas organizações. Estiveram presentes o Movimento
Mulheres em Luta, SIND-REDE/BH, Associação de Lésbicas de Minas Gerais – ALEM, CUT,
CSP-Conlutas, UEE-MG entre outras entidades. Com
batuques, bandeiras e palavras de ordem, as mulheres coloriram a cidade de
lilás e realizaram intervenções combinando arte com política ao longo do
trajeto em direção à Praça 7.
Em frente à Prefeitura de
Belo Horizonte aconteceram falas reivindicatórias em torno da realidade das
trabalhadoras em educação e pelo investimento na educação infantil. Foram
apresentadas, ainda, duras críticas ao modelo neoliberal implementado pelo
Governo do Estado. A próxima parada foi no Tribunal de Justiça em que o tema da
legalização do aborto foi colocado pelas manifestantes. A rede de supermercados
Carrefour foi o terceiro ponto de parada do ato para denunciar o excesso de
agrotóxicos nos alimentos e a exploração das/os trabalhadores. Continuando a
caminhada, a Igreja São José foi o palco das pautas da sexualidade das
mulheres, abarcando inclusive as mulheres lésbicas. Para finalizar o trajeto,
passou-se em frente ao Ministério da Saúde denunciando a MP 557, e por fim a
Praça 7, com uma ciranda feminista fechando a manifestação. As militantes da
Marcha Mundial das Mulheres e da Via Campesina continuaram organizadas para um
Encontro de Formação durante dois dias no Ginásio Poliesportivo Divino Braga,
em Betim.
Compreendendo
que o combate ao machismo é uma de suas bandeiras, a UEE-MG, DCE´s e militantes
do movimento estudantil estiveram presentes em todas as atividades. A
participação de estudantes feministas foi expressiva e, reunidas em plenária
durante o Encontro no dia 09, debatemos as principais disputas a serem travadas
no âmbito da educação e da conquista de políticas específicas de assistência
estudantil para mulheres. Questões como a permanência de mães estudantes
através da garantia de bolsa-creche e bolsa-moradia, o combate à violência
contra a mulher no campus e a implementação de um modelo de educação
não-sexista foram apresentadas como pautas de interseção dos movimentos
estudantil e feminista na busca da transformação da universidade e da
sociedade.
Além do
ato unificado, outras manifestações aconteceram no estado, fazendo do Dia Internacional
das Mulheres um dia de Lutas. Os movimentos feminista, estudantil, sindical, do
campo e da cidade, sensibilizaram a sociedade e fortaleceram o compromisso de
que seguiremos em marcha até que todas sejamos livres!
*Marina Dal Monte Figueiredo é Vice-presidenta
da UEE-MG e militante da Marcha Mundial das Mulheres.
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