sexta-feira, 30 de março de 2012

Nota de repúdio ao "manual de sobrevivên​cia" distribuíd​o na UFPR


Naturalizar a violência contra as mulheres, incitar violência sexual e subordinação das foi o grande desserviço que um coletivo de estudantes de Direito da UFPR realizaram com a distribuição do guia de recepção às e aos calouros da universidade. Sem nenhum constrangimento o guia ensina como “se dar bem” sexualmente ao apresentar em suas oito páginas várias dicas para “pegar” as mulheres – amparados “legalmente”.  Após serem questionados nacionalmente, o grupo ainda continua em sua linha sexista e diz que o guia é apenas piada.

A violência contra as mulheres se dá de diversas maneiras (psicológica, física, simbólica, econômica, etc.) e o tal guia consegue, de uma única vez, abarcar diversas expressões da violência sexista. Enquanto diferentes grupos e organizações de mulheres lutam incessantemente pela construção de leis que garantam a igualdade entre os sexos e reconhecimento dos direitos das mulheres, esses estudantes recorrem a analogias de termos legais, supostamente as achando engraçadas, para justificar e legitimar práticas machistas e opressoras.

Nós levamos muito a sério o que para eles é piada. Infelizmente na universidade convivemos, não-pacificamente, com as diversas expressões do machismo. A mercantilização do corpo e da vida das mulheres está expressa nas linhas deste manual de sobrevivência que tenta justificar através de trechos do código penal a subordinação e exploração da sexualidade das mulheres. Temos avançado cada vez mais na construção de mecanismos que combatem a violência contra as mulheres e estamos organizadas em coletivos feministas por todas as partes do Brasil construindo muitas lutas e realizando uma ofensiva contra o machismo cotidianamente.

Antes de visar “propiciar algumas risadas” aos “novos colegas”, a comunidade acadêmica deve receber suas calouras e seus calouros de maneira protagonista na construção de uma sociedade verdadeiramente democrática, que inevitavelmente perpassa os direitos das mulheres e o combate à mercantilização de seus corpos.
A União Nacional dos Estudantes e sua Diretoria de Mulheres repudia não só este manual, mas todos os trotes e recepções machistas e opressoras! Reforçamos que para a universidade brasileira ser para todas e todos ela deve combater o machismo! Só assim teremos uma universidade livre de machismo, racismo e homofobia, além de realmente inclusiva para as mulheres!

Um comentário:

Milene Vieira disse...

Muitas vezes a violência psíquica contra a mulher psíquica, vem mascarada de brincadeiras e piadas sexistas, e que são aceitas pela socidedade como "naturais". Precisamos desnaturalizar os absurdos cotidianos, encarando o problema de cabeça erguida.
Parabéns à Diretoria da UNE pelo protagonismo na defesa dos nossos direitos!!