sexta-feira, 14 de outubro de 2011

EDITORIAL: A ministra Iriny tem razão



iriny-lopes5Uma publicidade, com a modelo mais famosa do Brasil, gerou uma polêmica importante. A ministra Iriny Lopes pediu para a empresa de publicidade rever o que havia colocado no ar. Pois uma mulher seminua fazendo "brincadeira" para "ensinar" como agradar o marido, é uma propaganda machista e sexista que agride e ofende as mulheres. Essa foi a opinião da Ministra, assim como também das organizações feministas que se manifestaram.
Para muitas pessoas, no entanto, era só uma brincadeirinha à toa. Uma propaganda usando o humor brasileiro.
Que vivemos em um mundo machista, todo mundo sabe. Mas, nas pequenas coisas, bagatelas ou cotidianas, o machismo é aprendido e ensinado. Ele é reproduzido e fixado no imaginário das pessoas. A formação do imaginário e a criação da ideia de que a desigualdade é natural, produto da natureza e da biologia (diferenciação sexual, por exemplo), é uma construção cotidiana, forçada, imposta, que está presenta nas religiões patriarcais, na Justiça, na Escola e em todas as outras instituições dessa sociedade que se moldou a partir dos interesses de determinados grupos ou classes sociais e a partir da ideia de que é o homem quem detém o poder (e a propriedade).
As piadas e brincadeiras que se firmam como engraças são as melhores ferramentas que se tem para ensinar alguma coisa. A ideia se fixa com mais força na mente das pessoas. Muitas vezes aparece como uma ideia que não sai da mente, se repete, repete, repete.
Parece coisa inocente. Só uma piadinha. Mas não é. É uma arma de construção de ideias que se firmam e enraízam.
Deixar que crianças as repitam e as propagem, por exemplo, é manter o machismo e preservar o sexismo. Não são brincadeiras. São formas de se criar o macho, na escola, na rua, em casa. O macho, de um lado, e a fêmea, de outro.
A ministra está certa. Não é uma coisa à toa. Podemos começar a mudar a sociedade, superar o machismo e toda a violência que ele gera. O racismo e o preconceito. A lesbofobia e a homofobia. Podemos superar tudo isso se começarmos a mudar a educação das pessoas. Uma brincadeira, uma coisa que faz a outra pessoa sorrir e relaxar, é uma coisa saudável. Pode ser feita sem machismo e sexismo, sem racismo e preconceito. Podemos recriar nossas piadas, nossas brincadeiras e as publicidades. Temos criatividade. Só basta observarmos que piadas machistas não são legais. Não legam a lugar nenhum. São babacas.
O feminismo reage a essas agressões porque nos ferem mesmo. O feminismo quer mudar o mundo. Não quer acabar com a alegria e as risadas. Queremos um mundo onde se possa rir da beleza e não da violência. Onde se possa achar graça com prazer e não humilhando as pessoas. Queremos um mundo onde as brincadeiras ensinem a sermos iguais.

Leitura complementar, para auxiliar em debates:
Fonte: http://www.feminismo.org.br/livre/index.php?option=com_content&view=article&id=6258:a-ministra-iriny-tem-razao&catid=109:atencao

Nenhum comentário: