DCE UFBA, Salvador - Bahia
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- · Uma em cada sete brasileiras já realizou aborto (UNB, 2010)
- · No Brasil, a mortalidade materna permanece entre as 10 primeiras causas de mortalidade da população feminina entre 10 e 49 anos (BRASIL, 2009)
- · Dados do DATASUS demonstram que a curetagem pós-abortamento (CPA) é o segundo procedimento obstétrico mais realizado nos serviços de internação do SUS do país, ocorrendo cerca de 220 mil internações para assistência ao aborto, em 2007, com ou sem complicações (BRASIL, 2007)
A clandestinidade da prática do aborto não
impede que o mesmo seja realizado. A legislação extremamente punitiva aliada ao
poder político concentrado nas mãos de setores conservadores, traz retrocessos para
a garantia da autonomia das mulheres. Na Câmara Federal tramitam diversos
projetos de lei que não resolvem o problema da mortalidade materna e ferem os
direitos humanos das mulheres, exemplo destes projetos está o estatuto do
nascituro e a bolsa estupro. Ao mesmo passo não há em tramitação nenhum projeto
que vise à proposta da legalização do aborto e descriminalização das mulheres
que o praticam. Nosso código civil, datado de 1940, abriga a hipocrisia do
patriarcado e condena milhares de mulheres à morte.
O aborto não é um método contraceptivo, ele
é o último recurso para se impedir uma gravidez indesejada. A mortalidade
materna em decorrência da prática de abortos atinge distintamente as mulheres
jovens, do campo e das periferias das cidades, negras e que recorrem a métodos
inseguros para realização do procedimento. A clandestinidade do aborto alimenta
o mercado das clínicas de planejamento familiar que realizam de forma segura o
procedimento mediante o pagamento de valores altos.
A UNE faz parte da Frente Nacional
pela Legalização do Aborto e no período de 26 a 30 de setembro realizou
mobilizações em diversas universidades do país debatendo o tema. A Frente
lançou nesta semana o abaixo assinado que repudia os projetos de lei que
pretendem criminalizar e penalizar ainda mais as mulheres. Aborto é questão de
saúde pública, não de polícia e cadeia. Nossa tarefa é avançar na construção da
3ª Conferência Nacional de Mulheres e contribuir cada vez mais para a
construção de políticas públicas que garantam a autonomia das mulheres.
Questionamos a imposição da maternidade às
mulheres como se essa fosse a única tarefa em nossas vidas. Questionamos o
sistema patriarcal que impõe a morte a diversas mulheres em todas as suas
formas de violência e opressão. Lutamos pelo estado laico e combatemos a
imposição de dogmas religiosos que afetam a vida de todas, (# tirem seus
rosários de nossos ovários). Nenhuma mulher pode ser obrigada a enfrentar uma
gravidez ou realizar um aborto, lutamos pelo direito de decidir!
Nós que parimos, nós que
decidimos!
Liliane Oliveira
Diretora de Mulheres da União Nacional dos Estudantes
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