quarta-feira, 23 de julho de 2008

Essa luta também é do movimento estudantil...


A construção de uma sociedade livre de qualquer tipo de discriminação e de desigualdade passa pela eliminação de todas as bases que as sustentam e as legitimam: a guerra, a discriminação, a violência, o machismo, o racismo e a homofobia. Transformar a sociedade passa também por questionar as imposições de padrões de comportamento sexual, a luta pelo direito ao aborto representa o questionamento da maternidade como destino biológico de todas as mulheres.

Afirmar que a mulher pode escolher pela continuidade ou não de uma gravidez indesejada significa dizer que ela tem direito de dispor sobre seu próprio corpo, sua integridade física e exercer livremente a própria sexualidade desassociando sua sexualidade da maternidade.
Dessa forma, a bandeira da legalização do aborto é um questionamento da estrutura, valores da sociedade. Nossa luta, logo, está conectada com a transformação dessa sociedade e caminha para a construção de uma sociedade que seja igualitária, justa, solidária e libertária.


A caracterização como delito, não evita a realização do aborto, ao contrário, penaliza as mulheres mais pobres e negras que não têm condições de realizá-lo em clínicas particulares e seguras. Incentiva, portanto, sua prática clandestina. Feitos na ilegalidade e, em geral, em péssimas condições são uma das principais causas da mortalidade feminina decorrente de complicações na gravidez. Muitas mulheres provocam seus próprios abortos com uso de citotec, agulhas de tricô, água sanitária, o que leva a sérias complicações e à morte.


No Brasil, setores conservadores têm atuado em diversos âmbitos, seja no legislativo, seja no judiciário, seja nos meios de comunicação, para influenciar a opinião das pessoas no sentido de se posicionarem contra o direito das mulheres decidirem sobre suas próprias vidas e de suprimir os direitos conquistados historicamente pelas mulheres. A UNE vem, através da Campanha Pela Legalização do Aborto, apresentar um outro olhar sobre essa tema, compartilhando com o movimento feminista a defesa da vida das mulheres. É necessário nos prepararmos para superar as condições desiguais em que essa discussão está sendo colocada, o quê significa construir uma ampla mobilização a favor do direito ao aborto.

Não fazemos apologia ao aborto, respeitamos posições contrárias seja por motivos religiosos seja por outras razões. Contudo, devemos lembrar que o Estado é laico, ou seja, o credo de alguns não pode se regra para todos os cidadãos. A legalização do aborto não implica em sua obrigatoriedade, mas que a mulher tomando esta difícil decisão será respeitada e terá assistência de maneira digna e segura no Sistema Único de Saúde. Defender a legalização do aborto significa defender um sistema de saúde pública que atenda às demandas reais colocadas pela sociedade.fiz alterações de algumas palavras, mas mantive o conteúdo.
Foi com esse entendimento que, no último Encontro de Mulheres da UNE, realizado na Universidade Federal do Rio de Janeiro, em abril de 2007, centenas de estudantes colocaram a luta da legalização do aborto como luta prioritária para a UNE. Posteriormente, o 50º Congresso da UNE aprovou esta diretriz como sendo uma luta de todos os estudantes brasileiros. Essa luta não é apenas da UNE, mas de todo o movimento de mulheres e daqueles e daquelas que buscam a construção de um mundo justo e fraterno, especialmente as jovens mulheres que são parcela significativa que recorre ao aborto clandestino.

Organize essa Campanha em sua universidade!

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